Agora, com todos os livros lidos, quero fazer meus comentários sobre "As Crônicas de Nárnia".
Atenção, conteúdo com spoiler. Não tenho como comentar minha percepção sem desvendar partes importantes das histórias. Se quiser ler as sinopses dos livros sem revelação do enredo, leia aqui (livro1), aqui (livros 2 e 3), aqui (livros 4 e 5), e aqui (livros 6 e 7)
No 1º post eu disse que me interessei em ler a série após saber que C.S.Lewis era um teólogo, e como já havia feito um paralelo com a Bíblia quando vi o filme, fiquei empolgada pra saber o que mais ele escondia nos livros.
1º Livro - O Sobrinho do Mago, conta a criação de Nárnia pelo Leão (Aslam), que cria "cantando". Como na bíblia, que diz que Deus fez o mundo através das palavras. Também conta como entrou o mal (representado pela feiticeira) em Nárnia, e dá o 1º trabalho ao "filho de Adão", Digory, que junto com sua amiga Polly, foi tentado pela feiticeira a desobedecer as palavras de Aslam.
2º Livro - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas, conta que Nárnia estava num eterno inverno, debaixo do jugo da Feiticeira Branca. Dois filhos de Adão e duas filhas de Eva (Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia) entram em Nárnia pra cumprir uma profecia, e junto de Aslam, libertar Nárnia. Nesse livro, o Leão entrega-se para morrer por um traidor, mas a magia profunda dizia que se alguém fosse sacrificado sem ser culpado venceria a morte, e ele ressucita (como Jesus).
3º Livro - O Cavalo e seu Menino, fala de um menino órfão, Shasta, que foi criado humildemente, e que foge para Nárnia. No caminho, após encontrar Aravis (uma menina que também fugia de um casamento arranjado), recebe a missão de salvar Nárnia de uma invasão, e descobre no fim, que na verdade é filho do Rei. O Leão aparece de diversas formas e no fim explica que tudo o que acontece na vida tem um porquê (se o menino não fosse levado como órfão para uma terra distante, Nárnia não sobreviveria), e que as pessoas colhem aquilo que plantaram (lei da sementeira, na bíblia)
4º Livro - O Príncipe Caspian, conta a história de Nárnia novamente tomada pelo mal. Apenas o Príncipe Caspian, que é o verdadeiro herdeiro do trono, ainda acredita em Aslam. Ele reúne alguns súditos para retomar Nárnia. Mas devido à demora na chegada de ajuda, surge a dúvida em seus corações, e acabam chamando uma feiticeira, que usa magia negra. Tem um paralelo com o mundo atual, onde as pessoas passaram a desacreditar em Deus, recorrendo a falsos ensinamentos.
5º Livro - A Viagem do Peregrino da Alvorada, Caspian viaja por mares desconhecidos, enfrentando muitos perigos até os confins do mundo. O foco principal é Eustáquio, um menino mau, que devido à cobiça acaba se transformando num dragão. Creio que o maior ensinamento foi no momento em que Aslam ajuda-o a livrar-se do couro do dragão, o que não foi possível sem dor, mas que trouxe muito alívio e foi o primeiro passo para a sua cura. Como na bíblia, que ensina que é necessário despir-se das coisas do mundo, que a libertação só acontece através de Jesus e que muitas vezes a trsnformação é um processo doloroso, mas que apenas dessa forma conseguimos seguir até o fim da viagem.
6º Livro - A Cadeira de Prata, Jill e Eustáqui buscam por um príncipe de Nárnia desaparecido, que estava sob feitiço. Em alguns momentos, Jill esquece das palavras de Aslam, pois não os repete continuamente, como ele havia orientado. Mostra a importância de seguir os ensinamentos de Jesus (representado por Aslam), repetindo-os continuamente para não cair nas tentações, já que a vida é tão "cheia" que acabamos não tendo tempo para estudar e meditar na palavra de Deus, e isso nos torna enfraquecidos espiritualmente.
7º Livro - A Última Batalha, Nárnia sofre sobre o engano de um macaco que "veste" um burro de leão, e afirma ser Aslam. Como o povo nunca viu Aslam de verdade, acredita nos falsos mandamentos e começa uma grande destruição em Nárnia. Faz um paralelo com o Anticristo, que enganará a muitos. E mesmo depois de desmascarada a farsa, muitos continuaram com sua fé abalada, não mais acreditando em Aslam. Acontece a última batalha e o fim de Nárnia, com o julgamento de todas as criaturas, e o vislumbre do "Novo céu e nova terra", como na bíblia. O final é impressionante, a última página do livro traz uma grande revelação (essa eu não vou contar estimulá-los a ler o livro). Amei o "grand finale"
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Já li várias teorias sobre os livros, inclusive trantando-os como obra de engano, que veio para confundir, por usar a magia e ter muitos personagens mitológicos ligados a cultos pagãos (centauros, dríades e outros).
Como eu já escrevi aqui, precisamos separar o que lemos e vemos, tratar como ficção, e como dizem, "comer a carne e jogar o espinho fora". Tirando esses pontos de discórdia, os livros trazem sim, grandes ensinamentos.
Minha opinião pessoal é que em momento algum o Leão solicita que sejam feitos rituais mágicos, apenas está ali sempre, perto mesmo parecendo longe, para proteger, ensinar e salvar as suas criaturas, não interferindo no livre-arbítrio, que é o direito que todos têm fazer suas próprias escolhas. Mesmo quando parece que ele não está perto, ou ele demora para chegar, na verdade ele está ali, sempre esteve. Deus sempre está.
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Li no site "Narnianos.com" e compartilho com vocês uma parte do texto, que acho muito pertinente:
"Usando Nárnia
Hoje em dia, milhares de pastores e professores estão preparando sermões e lições baseadas nos filmes da série Nárnia. Grupos cristãos que foram convocados para ajudar os diretores de marketing estão encorajando igrejas e livrarias cristãs a explorar o poder de Nárnia, para assim alcançar os sem-igreja.
Usar os livros de Nárnia dessa maneira nunca foi o que Lewis tinha em mente quando os escreveu, disse seu enteado Douglas Gresham, em recente entrevista por e-mail. “Jack [apelido de Lewis] nunca quis que “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa” fosse apresentado ou visto como um “livro cristão”, diz Gresham, que hoje lidera um ministério cristão na Irlanda.
“Jack dizia que não precisamos de mais pessoas escrevendo livros cristãos. O que precisamos é de mais cristãos escrevendo bons livros. Creio que ele estava absolutamente certo. Não precisamos de mais gente fazendo filmes cristãos. O que precisamos é de mais cristãos fazendo bons filmes”.
(fonte: http://narnianos.com/cristianismo/3673)
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